Sunday, February 27, 2005

Oito

Querida filha Alice,

Nesse final de Fevereiro os termômetros da capital têm insistido nas temperaturas superiores aos 30 C. A chiadeira, agora, é com calor persistente seguido pelas chuvas avassaladouras nos finais do dia. Reclamações, vale lembrar, cheias de razão. Pessoas são assim: se chove reclamam mas se a chuva não vem se queixam. Se é calor pedem frio e no inverno... Como costumo repetir, filha, essa é dinâmica de extremos que tem movido a raça humana há várias gerações.

Das manchetes do período, nem vale reprodução. É tudo sempre muito igual. Seria uma insistência insana querer lhe manter atualizada sobre o inatualizável.
As boas novas, dessa vez, vêm da redondeza e em vários formatos. Essas sim valem registro! Romance! Tem sido um período de pessoas se conhendo, pessoas permitindo SE conhecer, experimentar, testar e aprovar! Impossível não ser contagiada por ondas assim. Espero que você viva muitos momentos desses (de alguém e com alguém!).
Período, ainda, de grande produtividade profissional, de grandes lutas mas de grandes chances. Período, também, de mudanças: das mais simples (aquelas de trocar a marca do shampoo de anos) as mais elaboradas (nova postura diante dos problemas, das dores, dos temores...)
Além, é claro, do período de planos para o futuro! Futuro esse que, para nossa alegria, há meses vem ilustrado por três. Três pessoas!!! Dessas que chiam, amam, planejam, mudam, têm dores, temores, problemas, shampoos preferidos e a oportunidade única de estar juntos. Sempre juntos! Assim espero, querida filha.
Um grande beijo dessa pessoa que muito de ama,
Sua mãe.

Friday, February 25, 2005

Carinho

Carinho é abraço apertado de amigo em dia difícil.
É presente surpresa com sabor de chocolate com cereja.
É um conte comigo de alguém que não se espera.
É um aceno no meio do trânsito das seis da tarde.

Carinho são coisas simples, de gente simples que torna a vida muito mais simples!

Thursday, February 24, 2005

Maturidade

Ser grande é compreender os desafios apenas como mais uma oportunidade de aprender.
É ter maturidade para reconhecer a felicidade hoje e não projetar toda a alegria num se...
É ser sereno o suficiente para saber que a vida é agora e o melhor dela já está em curso.

Wednesday, February 23, 2005

Véspera

Era uma vez outra vez.
Mais uma noite mal dormida.
De novo todo um dia que ainda não foi...
Cabelo, algum fio branco inoportuno? Roupa, alguma que seja confortável e valorize o conteúdo? Sapato ? que não machuque e ponto. Atenção às unhas.
Então, seja bem-vindo ao dia anterior. Amém.

Tuesday, February 22, 2005

Junto

Junto é bom ir ao cinema, à feira, ao parque, ao posto de gasolina...
Junto pra falar sobre a novela, a vizinhança, a economia européia...
É muito bom estar junto para ter para quem se queixar, para ter a quem abraçar, para ter com quem namorar...

Junto pra fazer planos e esclarecer enganos.
Junto para o que der e vier!

Saturday, February 19, 2005

Gente

Tem gente que enxuga escova de dente, que bota copo sujo dentro da pia, come pão de forma pelas bordas e até assopra sorvete! Gente que toma banho com chinelos, come creme dental e toma Yakult de furinho.
Tem gente que não gosta de água, que é da turma dos naturebas e gente que se barbeia no chuveiro. Gente que lê no banheiro, que chupa gelo e come brigadeiro de colher.
Tem gente que acorda cedo, que dorme com dois travesseiros e tem quem estica os cabelos.
...

Tem gente de todos os jeitos!

Friday, February 18, 2005

Meninas

Meninas que saem juntas, aprendem juntas e se divertem muito juntas!
E lá vão elas.
É mais um dia de sol na capital paulista com previsão de chuva no final do período. E como o período delas começa bem cedinho, elas ainda têm muito sol pra queimar!
Papeiam... ah como conversam!
Sabe-se lá Deus em que língua ! Mas isso, na verdade, é o que menos importa.

Hora de um suco refrescante e mais assunto. Isso não acaba nunca?
Não, graças a Deus!
Lá pelas tantas, entre risos e abraços uma das meninas explica:
“... e eu, queridoca pipoca, sou sua mãe. E sabe o que isso significa?


(pausa)

Ah, quer saber, isso não importa. O que vale mesmo é o amor entre nós!
Duas meninas que Deus deu uma a outra de presente.”
E lá se vai mais um dia.

Thursday, February 17, 2005

Vilão

Vilão em:
O Outro Lado

Vilão é coisa série e nem é pra qualquer um.
Tem que ter brio, raça e força ou já viste algum choramingando?
Vilão já nasce pronto. Sem essa de ficou vilão ou, pior, aprendeu a vilandade.
Esse tipo é cabra valente, que peita a encrenca de frente e, como tal, tira de letra.
Com vilão não tem essa de vamos ver ou deixa pra lá. É, resolvo a qualquer preço.
Vilão mesmo já chega dizendo a que veio. Bota as cartas na mesa e arranja encrenca de cara. É claro que sempre tem um fiel companheiro, desde que, admirador ou espelho. Se parou para pensar que vilão até é uma boa é bom ficar claro que esse tipo NÃO VAI PARA O CÉU nem com toda a malandragem. Mas, afinal, como diz uma sábia: “fazer o quê? Não conheço ninguém lá.”

Wednesday, February 16, 2005

Avesso

A informalidade que deveria ruir barreiras acabou construindo muralhas.
Fez da festa um local de espreita e do convívio um suspense.Botou a rotina de pernas para o ar.

Do avesso.

Monday, February 14, 2005

Ganhos e danos

Ele se esquivou e teve ganhos:
não chorou, não se decepcionou, não se magoou, não se desentendeu...
Mas ele não viveu, não conheceu, perdeu a oportunidade de vibrar, festejar, torcer...
Nunca com-par-ti-lho-u.

Ela se permitiu e teve danos:
Chorou, se estressou, se decepcionou, se magoou, se desentendeu, perdeu...
Mas viveu, conheceu e reconheceu, vibrou, dançou, festejou, torceu... Sempre com-par-ti-lho-u

Saturday, February 12, 2005

Jardim...

Que lembra flor,
Que lembra grama molhada,
Que lembra arco-íris!
Lembra passarada e bola queimada.
Lembre amarelinha e pique-esconde.
Lembra beijo apaixonado.
Lembra leitura e soninho.
Lembra lem-bran-ças e crianças.
Jardim da casa da vó, jardim da praça central.

Jardins... têm um monte assim!

Alice

Boneca, sapeca, levada da breca!
Lindeza, calabresa!
Fididinha, belezinha!
Filhota, pipoca!
Papelote, chicote, fricote!
Nina, menina, pequenina!
Alicilda, belezilda, fidilda!
Fejão!
Coisa linda!
Coisica!
Toco, belezoco!

Coisa que amo!

Da cozinha

Da cozinha vinha o cheiro bom de café fresco e de bolo de fubá fumegante.
Cheiro de melancia cortada na hora, de suco de abacaxi com hortelã e de brigadeiro grudado no fundo!
Era de lá que vinha o barulho da meninada em volta da mesa e das travessas de sobremesa se esbarrando.
Da mesma cozinha, mais tarde, vieram os cheiros de pizza amanhecida, de resto de cerveja esquecida no copo e de molho agridoce. De lá, vinha a conversa animada, certamente descompromissada, de casais amigos.
Era daquela cozinha que vinha boa parte de toda uma vida.

Friday, February 11, 2005

Putz II

Dedinho topado no pé da mesa;
Café tostando o céu da boca;
Unha lascada e sapato apertado, putz!

Por hora é só.

Felicidade

Buscava num mundo distante.
Lá no além mar.
Entre contos e fadas vivia, a tal felicidade, não sabia lá onde.
Quando, qual não fui sua surpresa, ela estava logo ali.
Simples e disponível.
Não tinha pré quesitos de nobreza, mas falava com clareza.
A felicidade finalmente estava ali, dentro de um tennis New Balance.

Quem é?

Quem é que brincou de elástico e colecionou figurinhas do Paulistinha?
Que mascou chiclete ping-pong e depois decalcou adesivos “borrentos” com saliva?
Que chorou assistindo Lessie, a série; cantou a trilha do “Clube do Mickey” e dançou com os Menudos?
E a Ilha da Fantasia? “Olha o avião, olha o avião!”, o Incrível Hulk e Magnum? Tem o Chips, Frank Poncherello e John Baker na outra emissora e o Domingo no Parque: “quer trocar essa bicicleta por um tênis All Star usado?” . Quem é que chupou sorvete fura-bolo e comeu chocolate Sem Parar?
...
Quem é que ficou com saudade?

Thursday, February 10, 2005

Putz, a série

Pingo de`agua a noite inteira só se for de cara cheia e olha lá.
E vamos combinar que papel higiênico no fimzinho num momento pós feijoada é piada!

Wednesday, February 09, 2005

Sem saber...

exatamente onde vai dar, o negócio é continuar.
De ré, de frente, na mão ou na contra-mão, sei lá.
O que não pode é parar.
De tanto acreditar na ida, um dia a coisa vai.
Ah, se vai!!!

Tuesday, February 08, 2005

Segurança

Segurança é final de dia com banho quente e o começo com café com pão.
É a feijoada de toda a Quarta e macarronada de todo o Domingo.
Segurança são as férias uma vez ao ano, é o contra cheque mensal e o cartão de crédito.
É ter O amigo que você pode contar sempre e nunca. E depois do nunca, sempre novamente sem constragimento.
Segurança é a terapia e o check-up no dentista, é a revisão do carro e a compra do supermercado. É passar na lavanderia, ligar para a mãe e faltar à academia. Segurança é repetição que enjoa mas nos garante. É rotina, que nos dá estrutura e chão para querer o novo.


Monday, February 07, 2005

Santa regra

A respiração vinha difícil, quando vinha.
Cortava-lhe o peito zunindo um misto de dor, cansaço e angústia.
Mas o Homem não teria trégua e segundo a sacro-santa regra Ele deve
retomar as atividades em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

A mesma sacra regra que proíbe o anticonceptivo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a dissolução do matrimônio, o uso da camisinha... ... ... e
Amém.

Sunday, February 06, 2005

Distanciamento

Estava tudo muito próximo. Tão perto que era impossível definir começo, meio e fim. De tanto ser uma coisa só, as histórias se confundiam. Amava-se e odiava-se sem saber exatamente o que e porque. Daí veio a oportunidade de deixar a Brodósqui, como diria Portinari, pegar o trem rumo à Capital e dar a oportunidade para que as histórias começassem a ganhar mais nitidez com a partida.
Com o tempo, e bota tempo nisso!, as cores foram se revelando, como definiria Portinari, e as histórias do meu povo, ainda plagiando Candinho, foram sendo re-ve-la-das.
Hoje, longe de casa, as histórias de cada um têm sido separadas e etiquetadas (vai de misturar tudo de novo, né?). É certo que há arranhões, manchas e até rachaduras numas e outras. Mas o importante mesmo, foi o distanciamento. Assim como Portinari, que deixou Brodósqui para conhecê-la (vista lá de Paris), ganhou autonomia e repertório para sua obra.

Parabéns mãe pelo seu aniversário.
Parabéns Cândido Portinari pelo seu mais que centenário!


Saturday, February 05, 2005

Hora é hora

Tudo tem sua hora (autor desconhecido ou máxima popular).
Hora de acordar e descobrir que, sem essa ou aquela, o trabalho o espera.
Hora da reunião, da demissão e hora de dar a volta por cima.
Tem ainda a hora H (sempre seguida do Dia D. Mas essa é outra história!), a hora do almoço e a do cafezinho com o amigo. Hora do massagista e, Ui, do dentista. Hora do banho, do lanche, do cinema e a hora de resolver o problema.
Tem também a hora marcada, aquela esperada e ansiada por você e por ele (ela). Ah, e a tal da que toda hora é hora, hora de pingar o i e cortar o t (xiiii), hora do hora-hora e hora de ir embora sem demora.
Hora de tomar remédio, de vencer o tédio e rasgar o verbo e tem, claro, a famigerada hora do vamu vê. Ah, tem a festiva é hora, é hora... sem se esquecer da quem sabe faz a hora ... e que, ora, tem horas que o melhor mesmo é sartá fora sem ter hora de voltar.

Então, fui, sim se-nho-ra!

Friday, February 04, 2005

Lembranças

Deslumbrada. Era assim que se sentia a cada nova aventura pela terra de seus patrícios. Espichava os olhos na tentativa de guardar lá no fundo cada detalhe multicolorido dos campos de uva. As parreiras lhe acompanhavam por quase toda a viagem, já que as plantações cobrem a Itália desde o sopé dos alpes, no norte, até as ilhas meridionais.
Sentia-se em casa com os longos e entusiasmados acenos de íntimos estranhos, com a típica fala apressada, com os abraços sem cerimônias, com os gestos (todos os gestos do mundo cabem nos italianos!), com as sugestões imperativas, com o carinho, com os excessos, com as comidas, bebidas e até mesmo com a saudade!
Apertava-lhe o peito a lembrança do convívio de um dia com o homem da banca de frutas, saudade de horas na praça de Lucca, do melhor macarrão do mundo em Veneza... Veneza navegava em sua mente.
Uma tristeza veio não sabia bem de onde. Já não era inédita aquele tremor no peito ao ouvir o nome da entre águas, Ve-ne-za. Sacudiu insistentemente a cabeça, passou as mãos pelos olhos e fitou o jornal. Como de costume folheou os cadernos, descartou deliberadamente os de imóveis e esporte e leu, para sua surpresa e resposta, a manchete: Projeto tenta impedir inundação e possível submersão de Veneza.
Pausa.
Talvez aquela teria sido a última gôndola de suas aventuras e Veneza estaria condenada a viver apenas e definitivamente em suas lembranças.


Folia

"É sempre carnaval no Brasil"

(Titãs - Nem cinco minutos guardados)

Thursday, February 03, 2005

Necessidades

Você tem fome de que?

Arroz, feijão e aperto de mão.
Queijo e beijo.
Suco de limão e compreensão, às vezes compaixão.
Suporte e esporte.
Solidão e macarrão.
Churrasco e fiasco.
Abraço e melaço.
Paixão e mamão.
Humildade, lealdade e brevidade.
Pão e revisão.
Escargô e amigô.
Pizza e missa.
Permissão e pimentão.
Recato e carboidrato.
Pudor e couve-flor.
Descaramento e fermento.
Prestatençã e maçã.
Piada e goiabada.
Água e mágoa.
Exagero e tempero.
Novo e ovo.
Caqui e peraí.
Não e pão.

Sim e xinxim.
Vinho e ninho.
Ré e acarajé.
Manga e Samba.
Tristeza e sobremesa.
Filho e milho.
Agrião, paixão e empurrão.
Sardinha e ladainha.
Lembrança, mudança e comilança sem balança.
Beleza que não vá à mesa.
...
Você precisa mesmo é de uma dieta equilibrada para o corpo e para a alma.



Wednesday, February 02, 2005

Amor é...

Café com bolinho de chuva quentinho da vovó mineirinha!

Direito

Fica decretado. Não, não, não, fica PERMITIDO - já que imposição beira a obrigação e obrigação obrigatoriamente extingue o prazer.

Então, fica PERMITIDO a partir dessa data que:

Todos terão o direito à angústia e à dúvida, sem necessariamente se tornar um angustiado perdido. Apenas e tão somente um humano mais próximo à sua definição mais primitiva.
Direito à tristeza e ao medo, sem necessariamente se tornar um triste milindrado.
Permitido que a partir de hoje, as agendas estarão mais vazias, mais arejadas sem necessariamente significar sem sentido, sem conteúdo.
Que a partir de hoje, 2 de Fevereiro, a gente se permita mais prazer e menos stress, sem necessariamente se sentir mundano, menorizado.
Que a partir dessa data, até mesmo os mais cosmopolita dos homens se permita provar e gostar da simplicidade ingênua do “homem do mato” sem necessariamente se sentir fora de seu habitat. Apenas pela oportunidade de transitar, testar, conhecer, ter opção, provar.
Que de hoje em diante a espera seja apenas e tão somente um dia depois do outro e não mais uma chaga privadora.
Que o dia de hoje seja um pacto entre você e você mesmo. Um pacto que seja antes de qualquer obrigação um direito.

Tuesday, February 01, 2005

Palavras cruzadas

Caríssima Mafalda,

Em resposta ao seu último bilhete queixoso, devo lhe confessar que contigo me sinto, na maioria das vezes, de giz em punho de frente a um imenso quadro negro e na verdade tenho mesmo é preferência pelas carteiras. Especialmente as da primeira fila (santa miopia!).

Antonia está uma moça, graças ao bom Deus! Enchendo a casa de alegria e as ruas de suspiro. Bernardo não poupa carinhos à ela e nem motivação às atividades profissionais. Se é que é possível, a vida aqui no interior tem beirado a perfeição. Só mesmo as chuvas têm nos roubado um pouco do bom humor. E por falar nelas, olha uma ventania sinalizando mais água.

Bom, por hoje é isso. Boa sorte na capital.